Erli Fantini
Na maior parte dos seus mais de cinquenta anos de carreira, a artista plástica Erli Fantini teve como meio preferido de expressão a cerâmica. Dela sempre apreciou as características mais atraentes – moldável, natural, envolvente – mas sobretudo as mais desafiadoras: imprevisível, inconstante, mutante. Pois para ela, o olhar do artista tem que estar sempre atento e receptivo aos acasos. Um desses acasos colocou em seu caminho Brumadinho.
Formada em 1971 pela Escola de Belas Artes da UFMG, Erli Fantini estudou com grandes referências das artes, como Amilcar de Castro e Luiz Paulo Baravelli, e da cerâmica, como Celeida Tostes e Megumi Yuasa. Através deste, conheceu Toshiko Ishii, que em sua fazenda no vale da Serra de Moeda produzia cerâmica utilizando a técnica japonesa de Bizen, em que as chamas entram em contato direto com as peças, produzindo uma profusão de resultados espetaculares. Assim, na década de 1980, junto com um pequeno grupo de artistas, tornou-se discípula, parceira, amiga e divulgadora do trabalho de Toshiko. Ali desenvolveu uma parte importante de sua própria linguagem na cerâmica artística, hoje premiada e citada em diversas publicações.
No ano 2000, construiu no Palhano seu próprio forno à lenha, típico da região de Bizen, em cujas câmaras muitos artistas queimaram trabalhos e em volta do qual muitas madrugadas foram varadas no delicado processo de alimentá-lo de lenha. Tornou-se assim uma precursora do polo de cerâmica artística em que Brumadinho vem se tornando. Hoje tem lá seu segundo ateliê (o de Belo Horizonte funciona sem parar desde 1975), um espaço especial para produção, exposição e ensino de cerâmica.